22 de setembro de 2011

Miss you

“ O café esfriou, a bolacha perdeu a validade, meus cabelos cresceram, ressecaram, caíram quando chegou o outono. Os cigarros apagaram, as luzes queimaram, a água do chuveiro não esquenta mais. Minhas roupas permanecem no chão, sujas. As únicas peças que sou capaz de usar são meus pijamas largos, e os moletons que ainda tem teu cheiro. Emagreci alguns muitos quilos em função da falta de apetite, amor. Estou tão branca por não sair do que seria nossa casa, que até assusto. Minhas olheiras estão profundas, quase pretas combinando com a cor de meus olhos e meus dedos calejados, doídos de tanto te escrever, riscar, e escrever novamente.
Parei na frente da tua casa esses dias. Minhas pernas caminharam involuntárias, como se não me pertencessem, e sim à algum ser que lhe precisava contar que… bem, sinto sua falta. Acho que beira à ignorância esconder isto de ti, já que está bem claro não? Mas isso não muda nada, pois não mudei amor. Continuo a mesma criança chorosa, de coração instável e mente cheia, perturbada. A mesma escritora amarga, que ama negligenciar tuas palavras pelo simples prazer de te desagradar. Desculpa, amor, sei que o estou fazendo perder tempo, mas eu necessito que saibas disto para obter um pouco de sanidade e conseguir sair da estaca zero, então por favor, dê algum tipo de sinal de vida.
Lembra quando tu dissestes que apesar de meus defeitos, eu era perfeita para ti? Na verdade, eu era tudo que tu querias em uma mulher e um pouco mais. Lembra daquele dia no parque em que beijastes minha testa, enquanto eu reclamava sobre a vida e dissestes que apesar dos pesares, tudo ficaria bem? Eu acreditei, afinal era tu, tua voz grave, feita de veludo contra meus ouvidos sensíveis, sempre soando tão confiante, protetor.
 Ah amor, essa mesma voz estava presente em teu adeus, mas…espera, tu nunca dissestes adeus, não deixou nenhum bilhete, simplesmente se foi e sabe, eu ainda me pergunto aonde foi que errei, o que realmente foi a gota final para ti. Desculpa se destes algum sinal de que era o final, talvez eu estivesse muito ocupada contemplando teus olhos grandes, castanhos e o jeito que brilhavam, para ver.
Ouvi tua voz estes dias ecoando pela casa, parecia que estavas aqui, arrombando a porta como tanto gostava de fazer. Mas, faltava algo e foi por isso que notei que era somente minha imaginação fértil, misturada com esta grande vontade de te ver, ouvir, sentir cada centímetro do meu corpo colado ao teu. Por favor amor, não me ache uma maluca caótica… Ou melhor, ache. Não irei mais te mentir nada sobre mim, o que sou e um dia fui, mas olha, eu estou disposta a aprender sabe? A melhorar, a ser um pouco mais responsável, cuidadosa e constante. Apesar de alma infantil, ainda aprendo rápido, e quem sabe nós possamos melhorar as coisas, amor. Claro que para isso, tu precisarias voltar e se não quiseres… Bom acho que entendo, e se não entendo um dia irei.
Tu ainda pensas em mim, querido, no futuro que querias ter comigo? Ainda lembras que queríamos casar na praia, sem muito alvoroço e quem sabe, acabar tendo um casal de filhos? Pequenos morenos de olhos claros, serelepes, correndo pelo jardim, brincando com o cachorro enquanto assistimos da varanda o tempo passar, sem preocupações, simplesmente felizes? Porque essas memórias e possibilidades, hoje em dia, assombram minha mente.
Como o final é triste não achas? Tudo que já passamos pode ser facilmente acabado com um dizer de adeus, ou uma batida de porta. Às vezes é silencioso, como foi connosco, não há batidas, gritos, nem mesmo discussões, simplesmente acaba. E por mais fácil que possa parecer, é o mais doloroso, pois deixa dúvidas, palavras rasgadas e postas fora por serem inúteis, já que a conversa se torna unilateral. Tudo se alastra lenta e dolorosamente, por simplesmente parecer um sonho ruim. Amor, me belisca? Acho que estou tendo um desses sonhos tão ruins que ultrapassam para a realidade.
Como ressaltei antes, gostaria de receber alguma notícia tua, saber se estás bem, ou quem sabe melhor, feliz. Gostaria de saber se tem outra, e ela é capaz de te amar, metade do que um dia amei… E ainda amo. Mas amor não parece bastar, e como deveria! Amor, me ouvistes chorar baixinho naquela noite em que notei teus olhos concentrados em qualquer outra coisa, menos em mim e meus carinhos. Acho que eu já sabia, no final das contas. Acho que vi o que se desenrolaria, mas quis evitar não pensando nisto, mais um defeito meu, quem sabe.
Amor, desculpa por qualquer dano que te causei e à tua sanidade. Desculpa se volto por meio desta para te atormentar, não é minha intenção. Querido, fique bem, por favor, e se por acaso ouvir notícias minhas de que definhei, me faça uma visita o obrigatória, cumpra com suas responsabilidades, que são realmente teu forte. Nós dois sabemos que não importa quantas vezes eu te implore para me contatar, tu não irás, portanto, é, eu sinto tua falta, muito. Eu te amo, e preciso de ti, mais do que achei que um dia fosse precisar de alguém “



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